terça-feira, 4 de setembro de 2012

Palavra que me vem


Sei que não há tempo
Não há tempo a perder
Tristeza só atrapalha
E a palavra que me vem
Serve de lágrima
E escoa buscando apenas
Levar para longe, para fora, o aperto aqui de dentro.

 Pudera eu parar a vida, e com meus dedos aliviar a dor, a dor humana
Que machuca meu coração.

sábado, 28 de julho de 2012

Não tem título


Tem dias que a angústia domina

Vem e nem pede licença,

Chega e não diz quando se vai...



Tem dias que nem o céu consola,

Nem o brilho do sol,

Nem a flor do jardim.



Os olhos ficam embotados

E nada, nada pode fazer passar



E me pergunto por quê

E não entendo...



Onde, ó Deus, repousa a paz...?                             

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Acaso (Antoine de Saint-Exupéry)

E pus-me a pensar...

"Cada um que passa em nossa vida
Passa sozinho, pois cada pessoa é única
E nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida

Passa sozinho, mas não vai só
Nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,

Deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito, mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
E a prova de que duas almas
Não se encontram ao acaso. "

terça-feira, 12 de junho de 2012

Visão

E mais uma vez apareceste
O vi como há dez anos atrás:
A blusa azul de mangas compridas
Calça social escura, entre o marrom e o cinza
Os cabelos pouco brancos...
Olhar distante e sério.

A riqueza de detalhes
Em choque me deixou: "É sonho, só pode ser sonho."

Mas te abracei - com o anseio de quem ama
E nos meus braços, sentindo-te perto...sumiste.

Aguardo, aguardo...impacientemente
O cumprimento da promessa divina
De acordar para sempre em um sonho bom.

domingo, 13 de maio de 2012

Sorriso triste

Paro e olho para a tela - não sei quais as palavras que sairão, de que forma, tamanho e intensidade elas serão...Mas anseio muito escrevê-las...Como se daqui de dentro, algum sentimento não identificado quisesse sair.

Esse sorriso triste que paira no ar, é o resumo de todas as decepções acumuladas, dos gestos singelos sem resposta alguma, do cansaço pela dor humana...Esse sorriso triste é a lágrima acolhida, seja por mim mesma, seja por Deus.

Mais que isso: é o desejo de ter ao meu lado quem saiba tocar a vida das pessoas, de um jeito que as fará mais felizes.

De um jeito que me fará mais feliz.

...qual o tamanho do seu amor?

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mais uma vez

E o Renato me fala coisas importantes de se lembrar agora...


"Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá!

 Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar,
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem...
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém!

Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar...
Mas eu sei que um dia a gente aprende...!

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo!

 Quem acredita sempre alcança!"

sábado, 7 de abril de 2012

E hoje, só o que tenho a dizer é:

Obrigada, Jeová, pelo discernimento...por clarear minhas idéias, e me ajudar a encontrar as respostas que tanto anseio... a garimpá-las dentro de mim. Pois quando nem eu  mesma sei dos meus caminhos...Tu sabes. :)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Correr do tempo

Esse foi feito durante as longas horas que passei no busão viajando pelo Paraná em janeiro...detalhe sórdido - não havia w.c. no referido meio de transporte. rs


O tempo não pára
Tempo perdido não se recupera
Parai de fazer deste uma quimera


Do ontem que passou,
Ou então essa eterna espera
Pelo amanhã que não chega jamais.


Das horas passadas as cores se perdem
O sabor muda muitas vezes de mel

Para qualquer coisa como acre ou fel


E toda a história torna-se outra

À medida que muda o sabor

À medida que o tempo ameniza o torpor


E as vezes até me pergunto
Se o que foi é o que era.

Soneto de Separação

E ainda hoje penso no que Vinícius disse...

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
(Soneto de Separação)

Vida

E dei de escrever quando a vida me faz refletir...

A vida afasta as pessoas...ou as pessoas afastam as pessoas? E a vida aproxima as pessoas...ou as pessoas aproximam as pessoas? Acredito que não é tão difícil de escolher a alternativa mais coerente...

E como  o mundo dá voltas...! Tô até meio pasma com isso...Paro pra olhar aqui dentro – nada? Nada mesmo?! Só a costumeira solidão...velha companheira de noites de insônia, como esta.

E então me pergunto por que a curva dos sentimentos não acompanha  a curva do andar da carruagem...o pico sempre está nos momentos desapropriados...e sua queda quando mais se carece deles.  É um descompasso cíclico que tenho visto ao meu redor...Por isso, caro leitor (se é que você existe...mas se não existir tudo bem,  eu te invento!), se houver vestígio de sintonia...ah! não deixe isso passar não. Raríssimo acontecer esse sincronismo das curvas...tanto quanto uma eclipse solar – cuida de observar, que além de rara é efêmera.

E da ausência do sentir me questiono – será mal de ter sofrido tanto ou será bênção de Deus? Ou quiçá as duas coisas?

Devo me preocupar em voltar a sentir? Socorro...

Me vem a música dos breaks na mente.

“Socorro, não estou sentindo nada...
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada...”

sábado, 24 de março de 2012

Cansaço

Fernando Pessoa foi o primeiro a me contar coisas sobre as quais eu nem imaginava que fossem possíveis de traduzir...! E daí, a poesia.

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço... "

domingo, 18 de março de 2012

Para uma menina com uma flor


É só porque eu tenho coisas pra fazer e não consigo mais. E o trabalho é pra amanhã, e o professor espera que eu faça...só porque não encontrei ninguém solidário uma hora dessas pra me dar o empurrãozinho que me falta. Este mesmo que não consigo sozinha...Mas tudo bem. Meu deleite é procurar dentro de mim o que me acalenta...e tem feito falta, esse tal de acalento. Procuro nos gestos, nos olhares,  nas palavras, na flor da calçada...o que desperta aqui de dentro amor. E insatisfeita continuo a buscar o que plenamente me daria paz.
Leio o texto, e lembro-me da lágrima que derramei.

Para uma Menina com uma Flor
Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro:
quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte
eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,
e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;
é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha
- a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.
Vinícius de Moraes

Jardim

E ao ouvir o nome dela, lembrei que me faltava uma parte...e olhei pro vazio que ficou. Um vazio às vezes esquecido...mas que está ali, no lado esquerdo do peito, perdido no emaranhado de sentimentos, na linda bagunça do meu jardim. E pensei: “Por ela que o show continua.”

segunda-feira, 12 de março de 2012

João Lisboa

Do homem sonhador e corajoso, restaram algumas palavras, algumas lembranças, que vou procurar resgatar antes de se perderem...

Pra ti, senhora, renasça
Felicidade e alegria
Sinta a cada ano que passa
A  emoção que antes sentias

O ideal risonho e fecundo,
Viril, floresça em teu seio
A ofensa e a ameaça do mundo
Superior, altiva, esquece
E a lágrima que te veio
Transforma em flores e preces

Dualismo - Olavo Bilac

O texto é conhecido desde tempos...e cada vez que leio, não importa quanto tempo se passe, lembro-me que, do dualismo, não mudei.


Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Sopro

Se cada lágrima derramada pudesse curar-te
Então banhar-te-ia em meu pranto
Se cada abraço diminuísse  teu medo
Te envolveria sempre em meus braços
Se descobrisse o caminho da tua paz
Caminharia contigo até onde fosse necessário
Se pudesse livrar-te das tuas assombrações
Ah, como eu o faria sem hesitação!
Se parar minha vida adiantasse
Largaria tudo só para vê-lo sorrir novamente
Mas não vejo passo a ser dado agora
Não vejo saída para correr para lá
No caminho que segues, não consigo trilhar
Nem desviar-te de onde estás
Seria egoísmo continuar eu a caminhar
E encontrar beleza nas flores
Mesmo com meu pesar?

O que a vida de belo traz
A vida pode querer levar
Mas meu sentimento permanecerá
Nunca, jamais fenecerá
Porque o amor é maior que todas as coisas
Mesmo que a vida

























Seja um sopro.

A Dor

Se essa dor tivesse formato Seria toda pontiaguda
E o coração que já não quer maus-tratos
Não a pode mais suportar
Adquiriu sua forma e tamanho
Já não se recompõe como antes
De tantos remendos, rasgou
De tantos remédios, dopou
De tanto lutar se rendeu
Ao desespero de andar no breu
À procura de uma réstia de luz

O coração já não quer bater
Porque a cada batida, cansado, dói mais
E faz áspero o sangue correr
Sustentando esse corpo infame
Só para doer’inda mais.

Meu olhar nada distingue, embaçado
Conforme avanço o caminho
E se lágrimas o clareassem...
Ah! Isso seria divino
Não. Mas me obtusa’inda mais a visão.

E se meus pés não bambeassem
Se esse amor não fosse imenso
Talvez as lágrimas secassem
No simples soprar do vento

Ah mas como é grande esse amor!
Como pulsa em meu peito esse amor!
E me faz viver
E me faz morrer
Lentamente, tirando meu fôlego devagar
Querendo me sufocar, paralisar
Homeopaticamente roubando minha energia vital
De forma tão sutil
Dando um formato ingrato a essa dor real
Fazendo-a tomar dimensões das quais nunca se viu

Até quando?
Mata-me logo Amor, de uma só vez!
A me torturar assim e, aos poucos,
Me sentir morrer...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Motivo

Para que o tempo seja fotografado, e as lembranças venham à tona
Para guardar os sabores, fechar os olhos e sentir novamente os aromas
Para juntar tudo quanto me toca, emociona ou surpreende
Para não me esquecer das vozes, dos tons e dos olhares
Simples assim, no cochilo da tarde de domingo você apareceu.